segunda-feira, 26 de novembro de 2012

PF prende 33 em operação contra venda de dados sigilosos e crime financeiro

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Da BBC Brasil

A Polícia Federal anunciou nesta segunda-feira a prisão de 33 pessoas, suspeitas de envolvimento em duas organizações criminosas que vendiam informações sigilosas e praticavam crimes contra o sistema financeiro.

Em entrevista coletiva em São Paulo, a PF disse ter cumprido 87 mandados de busca e apreensão - um deles na casa do vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Marco Polo Del Nero - em seis estados.

Os investigadores da PF descobriram uma grande rede de espionagem ilegal, informa a Agência Brasil. Os criminosos, que se apresentavam como detetives particulares, vendiam informações sigilosas coletadas ilegalmente por pessoas com acesso a banco de dados de, por exemplo, funcionários de empresas de telefonia, dados bancários e de servidores públicos.

A PF prevê que possa haver até 10 mil vítimas das organizações, entre elas políticos (um ex-ministro, dois prefeitos e um senador), desembargadores, uma emissora de televisão e um banco.

O inquérito teve início em 2010, durante a investigação de um suicídio de um policial federal em Campinas (SP). Em meio às investigações, suspeitou-se da existência de um esquema de uso de informações sigilosas, obtidas em operações policiais, para extorquir políticos suspeitos de participar de fraudes em licitações.

O superintendente da PF/SP, Roberto Troncon, disse que o grupo era "especializado na espionagem ilegal da vida privada".

A segunda organização criminosa investigada é acusada pela PF de praticar crimes contra o sistema financeiro, por fazer remessas de dinheiro ao exterior em atividades de câmbio sem autorização do Banco Central.

Em nota, a PF informou que "no decorrer do inquérito, foram identificadas duas organizações criminosas atuando paralelamente e de modo independente". O elo entre as duas é uma das pessoas investigadas, que participava dos dois grupos.

Os acusados podem ser indiciados pelos crimes de divulgação de segredo, corrupção ativa, corrupção passiva, violação de sigilo funcional, por interceptação telefônica clandestina, quebra de sigilo bancário, formação de quadrilha, realização de atividade de câmbio sem autorização do Banco Central, evasão de divisa e lavagem de dinheiro.

Del Nero, vice da CBF e presidente da Federação Paulista de Futebol, é um dos investigados, diz a Agência Brasil. Nota no site da entidade afirma que ele prestou depoimento e foi liberado pela PF após as buscas em sua casa. Del Nero disse à TV Globo que apenas havia contratado os serviços de um dos grupos investigados, sem saber que este agia ilegalmente.

A operação da PF foi batizada de Durkheim, nome do intelectual francês autor do livro O Suicídio, de 1897, "em alusão aos fatos que deram início à operação", informa o comunicado do órgão. O inquérito corre sob sigilo judicial.

Operação da PF prendeu grupo suspeito de violar informações sigilosas.

Vice da CBF diz que recebeu dados 'dentro da mais estrita legalidade'

Operação da PF prendeu grupo suspeito de violar informações sigilosas.
Del Nero foi liberado após depoimento; 'Não se refere a futebol', disse.

Do G1 São Paulo

O presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF) e vice da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, disse nesta segunda-feira (26) que prestou depoimento à Polícia Federal (PF) nesta manhã e teve computadores apreendidos por ter contratado um prestador de serviços que se tornou alvo de ação da PF. No começo da noite, Del Nero divulgou nota (veja íntegra abaixo) para explicar que contratou o grupo por não ter indícios de que ele cometia irregularidades. Ele reforçou ainda que seu depoimento não teve relação com a atividade de dirigente de futebol.

"Não se refere a futebol, vou deixar bem claro, a própria polícia já definiu, não se refere também ao meu escritório de advocacia, refere-se a uma informação que eu quis ter de determinada pessoa para poder saber se poderia fazer negócio com ela, apenas isso", afirmou Del Nero ao SPTV.

saiba mais

"E essas informações não são quebras bancárias, quebras de informações telefônicas, não é quebra de informações seja lá quais forem", disse.

Pela manhã, a casa do dirigente foi vistoriada e dois computadores acabaram aprendidos. Além disso, ele foi conduzido à sede da PF, onde prestou esclarecimentos e acabou liberado.
Del Nero foi ouvido na Operação Durkheim, que prendeu suspeitos de participar de duas organizações criminosas envolvidas em violação de dados e em crimes financeiros. Segundo a PF, 87 mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos estados de São Paulo, Goiás, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro e no Distrito Federal.
Ao menos 27 pessoas foram presas, segundo a polícia. Ainda de acordo com a polícia, 57 pessoas foram indiciadas. Segundo a PF, o inquérito começou em setembro de 2011 para investigar os desdobramentos da apuração do suicídio de um policial federal em Campinas.
A morte levantou suspeitas sobre a possível utilização de informações sigilosas, obtidas em operações policiais, para extorquir políticos suspeitos de envolvimento em fraudes em licitações. De acordo com a polícia, a operação foi batizada de "Durkheim", em referência ao sociólogo francês Émile Durkheim, autor do livro "O Suicídio".

Íntegra da nota de Del Nero
Veja abaixo íntegra da nota divulgada pelo vice-presidente da CBF:

"Nota à imprensa: Operação Durkhein da Polícia Federal
Publicado em 26 de novembro de 2012 às 19h03

Com referência ao meu comparecimento às dependências da Delegacia de Repressão aos Crimes Financeiros - DELEFIN - da Polícia Federal em São Paulo na manhã de hoje, 26/11/2012, para prestar esclarecimentos em inquérito ali instaurado, cumpre esclarecer à opinião pública o seguinte:

1. Em face da necessidade de formalizar situação jurídica de caráter eminentemente pessoal com terceira pessoa (e que nada tem a ver com minhas atividades de direção na Federação Paulista de Futebol, em qualquer outra entidade desportiva ou mesmo com o exercício da advocacia), deliberei obter informações mais detalhadas acerca de sua vida pretérita, de seu comportamento moral e social, bem assim dos eventuais registros forenses em seu nome existentes;

2. Para tanto, contratei empresa prestadora de tais serviços, cujo endereço localizei, entre outras, em publicidade comercial veiculada na rede mundial (internet);

3. Referido prestador de serviços (oferecidos publicamente, o que sugere legitimidade e regularidade), passou, então, a me fornecer algumas informações sobre o comportamento da pessoa indicada, tudo dentro da mais estrita legalidade, inclusive apresentando certidões e informes a todos disponíveis nos registros públicos;

4. Deu-se, então, que em determinado momento foi-me oferecido um relatório sobre mensagens escritas enviadas por essa pessoa a terceiros, o que despertou estranheza e preocupação visto que tal proceder extravasa da normalidade da simples verificação e adentra a órbita do proibido. Foi por essa razão que, diante de um relatório de investigação social que estaria a conter alusão a supostos diálogos captados , dispensei tais serviços, incontinenti;

5. Ocorreu, então, que tal prestadora de serviços veio a cair nas malhas dessa denominada “Operação Durkhein” da Polícia Federal, e em sua sede foram encontrados registros dos serviços que me havia prestado anteriormente. Por tal razão as investigações policiais foram estendidas e culminaram com busca e apreensão de documentos e computadores em minha residência (e até na FPF que nada tem a ver com meus assuntos pessoais);

6. Diante de tal cenário dispus-me a comparecer, espontânea e imediatamente, à sede da Polícia Federal, onde prestei os esclarecimentos que se faziam necessários;

7. Claro que não posso nominar as pessoas envolvidas no episódio em razão do segredo de Justiça decretado naqueles autos, sob pena de cometer violação de sigilo, que constitui delito. Reitero, no entanto, expressa e veementemente, que os fatos nenhuma ligação têm com o Futebol, paulista ou nacional, com qualquer delito financeiro a mim imputável ou com minhas atividades de advogado militante.

É o que me cabe esclarecer publicamente para que ilações equivocadas não se produzam a respeito do ocorrido.

São Paulo, 26 de novembro de 2012.
Marco Polo Del Nero."

Operação da PF prendeu grupo suspeito de violar informações sigilosas.

Vice da CBF diz que recebeu dados 'dentro da mais estrita legalidade'

Operação da PF prendeu grupo suspeito de violar informações sigilosas.
Del Nero foi liberado após depoimento; 'Não se refere a futebol', disse.

Do G1 São Paulo

O presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF) e vice da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, disse nesta segunda-feira (26) que prestou depoimento à Polícia Federal (PF) nesta manhã e teve computadores apreendidos por ter contratado um prestador de serviços que se tornou alvo de ação da PF. No começo da noite, Del Nero divulgou nota (veja íntegra abaixo) para explicar que contratou o grupo por não ter indícios de que ele cometia irregularidades. Ele reforçou ainda que seu depoimento não teve relação com a atividade de dirigente de futebol.

"Não se refere a futebol, vou deixar bem claro, a própria polícia já definiu, não se refere também ao meu escritório de advocacia, refere-se a uma informação que eu quis ter de determinada pessoa para poder saber se poderia fazer negócio com ela, apenas isso", afirmou Del Nero ao SPTV.

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"E essas informações não são quebras bancárias, quebras de informações telefônicas, não é quebra de informações seja lá quais forem", disse.

Pela manhã, a casa do dirigente foi vistoriada e dois computadores acabaram aprendidos. Além disso, ele foi conduzido à sede da PF, onde prestou esclarecimentos e acabou liberado.
Del Nero foi ouvido na Operação Durkheim, que prendeu suspeitos de participar de duas organizações criminosas envolvidas em violação de dados e em crimes financeiros. Segundo a PF, 87 mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos estados de São Paulo, Goiás, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro e no Distrito Federal.
Ao menos 27 pessoas foram presas, segundo a polícia. Ainda de acordo com a polícia, 57 pessoas foram indiciadas. Segundo a PF, o inquérito começou em setembro de 2011 para investigar os desdobramentos da apuração do suicídio de um policial federal em Campinas.
A morte levantou suspeitas sobre a possível utilização de informações sigilosas, obtidas em operações policiais, para extorquir políticos suspeitos de envolvimento em fraudes em licitações. De acordo com a polícia, a operação foi batizada de "Durkheim", em referência ao sociólogo francês Émile Durkheim, autor do livro "O Suicídio".

Íntegra da nota de Del Nero
Veja abaixo íntegra da nota divulgada pelo vice-presidente da CBF:

"Nota à imprensa: Operação Durkhein da Polícia Federal
Publicado em 26 de novembro de 2012 às 19h03

Com referência ao meu comparecimento às dependências da Delegacia de Repressão aos Crimes Financeiros - DELEFIN - da Polícia Federal em São Paulo na manhã de hoje, 26/11/2012, para prestar esclarecimentos em inquérito ali instaurado, cumpre esclarecer à opinião pública o seguinte:

1. Em face da necessidade de formalizar situação jurídica de caráter eminentemente pessoal com terceira pessoa (e que nada tem a ver com minhas atividades de direção na Federação Paulista de Futebol, em qualquer outra entidade desportiva ou mesmo com o exercício da advocacia), deliberei obter informações mais detalhadas acerca de sua vida pretérita, de seu comportamento moral e social, bem assim dos eventuais registros forenses em seu nome existentes;

2. Para tanto, contratei empresa prestadora de tais serviços, cujo endereço localizei, entre outras, em publicidade comercial veiculada na rede mundial (internet);

3. Referido prestador de serviços (oferecidos publicamente, o que sugere legitimidade e regularidade), passou, então, a me fornecer algumas informações sobre o comportamento da pessoa indicada, tudo dentro da mais estrita legalidade, inclusive apresentando certidões e informes a todos disponíveis nos registros públicos;

4. Deu-se, então, que em determinado momento foi-me oferecido um relatório sobre mensagens escritas enviadas por essa pessoa a terceiros, o que despertou estranheza e preocupação visto que tal proceder extravasa da normalidade da simples verificação e adentra a órbita do proibido. Foi por essa razão que, diante de um relatório de investigação social que estaria a conter alusão a supostos diálogos captados , dispensei tais serviços, incontinenti;

5. Ocorreu, então, que tal prestadora de serviços veio a cair nas malhas dessa denominada “Operação Durkhein” da Polícia Federal, e em sua sede foram encontrados registros dos serviços que me havia prestado anteriormente. Por tal razão as investigações policiais foram estendidas e culminaram com busca e apreensão de documentos e computadores em minha residência (e até na FPF que nada tem a ver com meus assuntos pessoais);

6. Diante de tal cenário dispus-me a comparecer, espontânea e imediatamente, à sede da Polícia Federal, onde prestei os esclarecimentos que se faziam necessários;

7. Claro que não posso nominar as pessoas envolvidas no episódio em razão do segredo de Justiça decretado naqueles autos, sob pena de cometer violação de sigilo, que constitui delito. Reitero, no entanto, expressa e veementemente, que os fatos nenhuma ligação têm com o Futebol, paulista ou nacional, com qualquer delito financeiro a mim imputável ou com minhas atividades de advogado militante.

É o que me cabe esclarecer publicamente para que ilações equivocadas não se produzam a respeito do ocorrido.

São Paulo, 26 de novembro de 2012.
Marco Polo Del Nero."

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Lei tenta enxugar canais de lavagem de dinheiro no Brasil


Legislação mais rígida amplia as armas à disposição das autoridades para combater a lavagem de dinheiro, no País, atividade que movimenta cerca de 2% do PIB global

O combate à lavagem de dinheiro no Brasil ganhará, até o começo de 2013, mais armas e vigilância pesada sobre canais vistos como emergentes para a infiltração do delito. Mas reações de segmentos que passam a ter de comunicar sobre qualquer suspeita do crime antecipam alguns percalços pelo caminho.
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) deve publicar em dezembro novas resoluções para os ramos da economia que foram incluídos na estratégia para desmantelar a grande lavanderia de dinheiro de fonte ilegal. Desde julho, está em vigor a Lei 12.683, que levou seis anos para ser votada pelo Congresso Nacional e atualizou a primeira legislação na área, de 1998. Pelo menos sete segmentos e suas variações, desde consultorias e auditorias, factorings, lotéricas e até comércio de joias e assessoria a atletas e eventos devem avisar sobre clientes com movimentações consideradas suspeitas.
Não há uma estatística de quanto este aparelho a serviço de criminosos movimenta, mas a estimativa mundial é de um fluxo de US$ 500 bilhões anuais, ou 2% do Produto Interno Bruto (PIB) global, o equivalente a mais de quatro vezes o PIB brasileiro. Uma cifra que parece contrariar o surrado ditado popular: o crime compensa, e muito. O Coaf, que aplica regras a setores não regulados, avalia novos procedimentos sobre como devem ser prestadas informações em negócios como venda de aviões executivos, carros de luxo, iates, obras de arte, antiguidades e animais para genética. A lista é maior.
O presidente do órgão, Antonio Augusto Rodrigues, pretende fazer algo inédito, como sua equipe (que soma apenas 40 servidores posicionados em Brasília) visitar pessoalmente empresas e profissionais obrigados agora a avisar sobre eventual suspeita de operação de lavagem. “Vamos fazer proposta de novas resoluções e depois submeter à consulta pública. Não adianta tirar o corpo fora”, previne Rodrigues, que costuma traduzir de forma singela o que deveria ser conduta óbvia. “Queremos proteger os setores para que estejam atentos e não sejam usados. É preciso conhecer o cliente.” E a linha mais dura não para. Outra ação será aplicar multa, que pode chegar a R$ 20 milhões - mais uma inovação da lei -, a quem não responder a pedidos de explicações. “Se tenho de fazer o papel de supervisão, devo ter poderes. Antes, não tinha ferramentas”, justifica Rodrigues.
Dono de uma galeria de arte contemporânea em Porto Alegre, Nicholas Bublitz espera as novas orientações para se ajustar, mas avalia que a legislação é redundante. Bublitz lembra que havia a obrigatoriedade de informar vendas acima de R$ 10 mil e principalmente quando envolve dinheiro em espécie. “Mas 99% das minhas vendas são até R$ 5 mil, raras ultrapassam R$ 10 mil. Os valores aqui são muitos mais baixos do que em mercados como São Paulo e Rio de Janeiro”, explica Bublitz. “Mas ficaremos alerta e vamos ajudar o governo se houver qualquer suspeita.”
A compra e venda de exemplares de raça para propriedades rurais já foi flagrada com negociações que sugeriram superavaliação. Um dos diretores da Trajano Silva, tradicional neste setor no Estado, Marcelo Silva, garante que a atuação local preserva a legalidade, e tudo é transacionado com notas fiscais, o que é facilmente monitorado pelo fisco. “Coloco minha mão no fogo pelos colegas leiloeiros e produtores gaúchos. Só se for empresa que começou ontem e fica atrás do toco”, ilustra Silva, em linguajar campeiro. O diretor da Trajano admite, porém, que é difícil de identificar a origem do dinheiro do comprador. “Não tenho com saber, a menos que venha com bolsa de dinheiro, o que seria suspeito.”
Na mira da fiscalização
Setores que têm obrigação de informar movimentação ou atos suspeitos:
  • Bolsas de valores, de mercadorias ou futuros e sistemas de negociação do mercado de balcão organizado.
  • Pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividade de promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis.
  • Pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor, intermedeiem a venda ou exerçam atividades que envolvam grande volume de dinheiro em espécie. 
  • Juntas comerciais e registros públicos.
  • Profissionais que prestam serviços de assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência nas operações: compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais e industriais ou participações societárias; gestão de fundos, valores imobiliários e outros ativos; abertura ou gestão de contas bancárias e outras aplicações; criação, exploração de sociedades como fundações, fundos fiduciários ou outros; financeiras; e alienação ou aquisição de direitos sobre contratos ligados a atividades desportivas ou artísticas profissionais.
  • Pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promoção, intermediação, comercialização, agenciamento ou negociação de direitos de transferência de atletas, artistas ou feiras, exposições e similares.    
  • Pessoas físicas ou empresas que vendam bens de alto valor de origem animal ou rural.
Os três passos para branquear o dinheiro “sujo”:
  1. Colocação do dinheiro no sistema econômico para ocultar a origem. O criminoso procura movimentar os valores em países com regras mais permissivas ou com sistema financeiro liberal. A colocação se efetua por meio de depósitos, compra de instrumentos negociáveis ou compra de bens. Para dificultar a identificação da procedência do dinheiro, os criminosos aplicam técnicas sofisticadas e cada vez mais dinâmicas, tais como o fracionamento dos valores que transitam pelo sistema financeiro e a utilização de estabelecimentos comerciais que usualmente trabalham com dinheiro em espécie.
  2. Ocultação: consiste em dificultar o rastreamento contábil dos recursos ilícitos. O objetivo é quebrar a cadeia de evidências ante a possibilidade da realização de investigações sobre a origem do dinheiro. Os criminosos buscam movimentá-lo de forma eletrônica, transferindo os ativos para contas anônimas – preferencialmente, em países amparados por lei de sigilo bancário – ou realizando depósitos em contas “fantasmas”.
  3. Integração: os ativos são incorporados formalmente ao sistema econômico. As organizações criminosas buscam investir em empreendimentos que facilitem suas atividades – podendo tais sociedades prestarem serviços entre si. Uma vez formada a cadeia, torna-se cada vez mais fácil legitimar o dinheiro ilegal.

Setores querem derrubar exigência no Supremo

Entidades ligadas a profissionais liberais e conselhos de regulamentação e fiscalização já ingressaram ou ameaçam entrar com Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o dispositivo da lei que obriga relatar eventual foco para branquear o dinheiro. A intenção é proteger o chamado sigilo das informações. O rol de questionamentos também deve atingir a exclusão de crime antecedente. A Confederação Nacional das Profissões Liberais (CNPL) move uma Adin desde agosto, um mês após a sanção da lei pela presidente Dilma Rousseff.
A análise da medida da CNPL caberá ao ministro Celso de Mello. A apreciação da corte suprema é uma incógnita, pois as 23 condenações de mensaleiros por lavagem de dinheiro, no recente julgamento do mensalão, são usadas como estandartes pelas autoridades que buscam cercar os potenciais fluxos da irregularidade. O advogado da entidade Amadeo Garrido aposta no sucesso da investida e motiva mais organizações regionais a seguir o exemplo. “A lei criou uma saia justa. Como fazer isso sem poder dizer ao cliente? Viramos delatores”, argumenta Garrido, que insere a ameaça ao sigilo de dados. A CNPL estima que 10 milhões de profissionais atuem no segmento liberal, entre contadores, engenheiros, advogados e economistas. A ação pede liminar para suspender a obrigação o quanto antes, evitando, segundo o assessor, eventual prejuízo na relação com o contratante, já que o STF tem 2 mil processos para julgar. “Fico até triste diante da reação de tirar o corpo fora sem antes entender do que está se falando”, criticou o presidente do Coaf, Antonio Augusto Rodrigues.
O conselheiro da OAB-RS e professor de Direito Penal da Pucrs Rafael Canterje esclarece que o conselho quer a exclusão dos advogados. “Vamos cumprir o Estatuto da Advocacia, que prevê o sigilo profissional. A lei é inconstitucional”, sentencia Canterje, elencando que a reserva serve para proteger o cidadão. “O advogado, dentro do seu escritório, deve manter sigilo, mesmo que o cliente abra mão.” A nova regra não chega a citar o ofício do conselheiro, mas indiretamente acabou atingindo por incluir assessorias e auditorias, tarefas cada vez mais desempenhadas pelo ramo jurídico. Além disso, Canterje opõe-se ao fim de crimes antecedentes para configurar a lavagem, ao conceito de infração penal (que passa a considerar crime e contravenção) e o grau da pena (três a dez anos), acima do delito que gerou o dinheiro obtido ilicitamente. “É uma desproporção entre o crime que sujou e o que limpou”, contrasta.   
Já o ramo dos contadores, que entra no mesmo rol dos demais segmentos que se dedicam a auditorias e consultorias, ou simples assessorias técnicas, aguarda uma negociação com o conselho de controle para amenizar o alcance da regra. “A lei tem assustado bastante ao impor uma responsabilidade que tem de ser seguida à risca”, observa o vice-presidente de gestão do Conselho Regional de Contabilidade (CRC-RS), Antonio Carlos de Castro Palácios. A intenção é de detalhar a que tipo de situação terá de ser fornecida informação. “Queremos fazer composição amigável antes de acionar medida judicial”, adianta Palácios. O temor do segmento é de que um contador que fez um trabalho a um cliente que entrou na mira da investigação por lavagem acabe sendo incriminado. 

Lei abriu canais para fiscalização e punição


A procuradora Carla defende os avanços da nova legislação. ANTONIO PAZ/JC
Há grande expectativa sobre o efeito das novas regras para reduzir o volume de dinheiro que escoa no ralo da lavanderia criminosa. Judiciário, Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF) projetam maior reforço na qualificação de quem apura as ramificações da infração, aposta na colaboração dos novos segmentos listados para prestar informações preventivas e na popularização do combate ao crime a partir da vitrine do mensalão. A procuradora regional da República do Ministério Público Federal (MPF) da 4ª Região, sediada em Porto Alegre, Carla Verissimo de Carli, avisa: vamos ter mais lavagem.
O que Carla quer dizer é que a conduta ilegal passa a ter reconhecimento, que antes era dificultado por exigências de delitos anteriores. “Para existir crime, é preciso ter lei que diga. A lavagem é antiga e sempre foi usada para se livrar de bens obtidos de forma ilícita”, esmiúça a procuradora, representante do MPF na Estratégia Nacional de Combate à Lavagem de Dinheiro (Encla). “A retirada do rol de crimes antecedentes atendeu a recomendações internacionais”, atenta o juiz José Paulo Baltazar Junior, titular da vara federal especializada em Porto Alegre e um dos maiores conhecedores dos delitos nesta área no País. Com isso, as duas autoridades tentam esvaziar a tese de OAB e CNPL sobre inconstitucionalidades.
A reação dos profissionais ante a quebra de sigilo também é minimizada. Carla separa o que é o trabalho do advogado da consultoria ou assessoria. “Os setores podem cooperar, não deixarão de atuar. Interessa o que não é normal do dia a dia.” O Brasil quase entrou na lista negra de países que desrespeitam diretrizes internacionais, mas não escapou de receber um puxão de orelha. O relatório do Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo (FATF-Gafi), de 2010 e do qual a procuradora participou, emitiu 40 pontos a melhorar e uma constatação. “O País tem baixo número de condenações finais, o que tem relação com o sistema judicial.” Estima-se em cerca de 30 condenados com trânsito em julgado (quando não é mais possível recorrer). O julgamento do mensalão no STF é encarado como um paradigma, que poderá consolidar outros casos.
O juiz federal também releva o sequestro de bens e valores, enquanto tramita o processo. Baltazar opina que a prisão como punição prevista no Direito Penal não seria tão efetiva contra autores da lavagem. “Faz sentido colocar na cadeia quem não cometeu crime violento?” A procuradora sugere que tirar o dinheiro que mantém o crime seria um remédio para minar a organização.
Em recente evento promovido pela OAB-RS, o delegado substituto da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros e Desvios de Recursos Públicos (Delefin) da PF gaúcha, Sergio Eduardo Busato, ouviu quieto a crítica da exigência de informações ditas sigilosas. “Querem tirar o que é o melhor da lei”, reagiu Busato. Outra vantagem da nova regra foi abrir a porta a informações, sem pedir licença judicial prévia, de contas telefônicas, provedores de internet, cartões de crédito e outras movimentações financeiras. “Ganhamos tempo. Até porque estes dados são vendidos em qualquer lugar”, reforça o titular da Delefin, José Mauro Pinto Nunes, que garante ter estrutura de investigação para usar ao máximo os dispositivos da lei.
Busato observa que a sonegação fiscal deverá ser um dos principais canais para apurar o delito. O superintendente da Receita Federal no Estado, Paulo Renato Silva da Paz, informa que qualquer movimentação incompatível, o que inclui pessoa física, será comunicada ao MPF. “Toda empresa que contabiliza o dinheiro sonegado ou obtido de outras fontes, como descaminho, tem vantagem sobre outra. Isso prejudica a livre concorrência”, atenta o delegado substituto. Mais que monitorar e controlar o recurso que deixa rastro - conceito de transação financeira - a PF agora poderá seguir valores invisíveis, ou que se materializam em imóveis em nome de amantes, laranjas ou empresas abertas pelos autores do crime. “Mas uma lei é cultural. Se houver fiscalização, funcionará”, condiciona o chefe substituto da delegacia especializada.
Fonte: Journal do Comércio.


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Não é preciso ser herói para se garantir a Governança; muitos menos vilão para manter-se no poder.

Ethicsbooks

Mesmo que a santidade ética e moral do ocidente tenha um viés pecaminoso, há de se convir que chegou o momento dela torna-se economicamente viável como sugere Berman. Talvez, o momento de se mensurar seu valor, tornando-a um ativo financeiro.


Na ultima semana, dois prefeitos de duas grandes cidades canadenses abandonaram seus postos depois de mais de vinte anos à frente das prefeituras de Laval e Montreal. Reconhecidos e aplaudidos mundialmente por seus exemplos de Governança, os prefeitos Gérald Tremblay de Montreal e Gilles Vaillancourt de Laval, foram acusados na Comissão Charbonneau ,que investiga crimes de corrupção no setor de construção civil, de participarem de um grande esquema de corrupção com a máfia italiana que domina o setor de Construção no Québec, província francesa daquele país.

No calor dos fatos, o jovem filósofo Dominic Martin, pesquisador do Center for Ethics of University of Toronto, faz uma análise contextual e filosófica, no Le Devoir, com a qual concordo e compartilho: Por mais que façamos esforços e trabalhemos para combatê-la, a corrupção sempre existirá em qualquer circunstância. Não é porque o Canada é um dos países com os mais elevados padrões de Governança do Mundo que a corrupção não bate à porta ou está escondida sob o tapete da moral estabelecida. Ela está em toda parte. Em alguns lugares, menos visível; em outros, escancarada.

Para o filósofo, “a corrupção, em outras palavras, justapõem-se num contexto competitivo; sobretudo, quando um sujeito permanece muito tempo no poder. Este contexto favoriza atos corruptos, sobremaneira.” Vale recordar Marshall Berman, quando analisa” a metamorfose dos valores”, onde diz de maneira sobrenatural que, "as velhas formas de honra e dignidade não morrem, são, antes, incorporadas ao mercado, ganham etiquetas de preço, ganham nova vida, em fim, como mercadorias. Com isso, qualquer espécie de conduta humana se torna permissível no instante em que se mostra economicamente viável”. Neste sentido, não é de estranhar que a ética consolidada do ocidente, torne-se a base para ações corretivas do mercado nem que as sanções tornem-se algo quase que exemplares.

Muito embora, saiba-se que no mundo dos negócios a competitividade possa levar às distorções de caráter e os descumprimentos de padrões  garantam certas vantagens aos corruptores; os princípios consensuais estabelecidos devem garantir minimamente as contrapartidas morais.

André Comte-Sponville, discorda. “Não há moral na Aritmética, não há moral na Física, não há moral na Meteorologia... Por que haveria moral na Economia?” A resposta para uma questão tão complexa como esta, parece-me simples: Porque o ser humano é o único entre as espécies, capaz de refletir seus atos e ponderar suas escolhas. Diria, utilizando-me das palavras do Professor Marcos Fernandes “os agentes, além de adaptativos; são, sobretudo, reativos”. Ou seja, esses dois comportamentos, pressupõem o pensar, inerente ao Homem.

A questão que se apresenta pertinente é se, o Homem do século XXI, será capaz de abrir mão daquele modelo de poder, imposto por Maquiavel e, reativamente, buscará soluções de conflitos e competitividade mais amistosas, cujos benefícios sejam globais? Não é preciso ser herói para se garantir a Governança; muito menos vilão para manter-se no poder. Mesmo que a santidade ética e moral do ocidente tenha um viés pecaminoso, há de se convir que chegou o momento dela torna-se economicamente viável como sugere Berman. Talvez, o momento de se mensurar seu valor, tornando-a um ativo financeiro. Quando isto de fato acontecer, o Príncipe de Maquiavel não terá significância alguma, quanto mais às indagações provocativas de Comte-Sponville.

*Fabio de Freitas é estudante de Economia da PUC-SP e editor dos portais Lumturo Strigo Compliance Consulting e Gentes Microfinanças.




sábado, 10 de novembro de 2012

Estudo aponta problemas de empresas brasileiras

DAYANNE SOUSA - Agencia Estado
engrenagemSÃO PAULO - Estudo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) aponta fraquezas nas práticas de governança corporativa de empresas brasileiras. Os pesquisadores utilizaram informações de documentos das próprias empresas (como os Formulários de Referência, Anuários de GC, sites corporativos e estatutos). No documento Emissão de Títulos e Governança Corporativa no Brasil: uma Análise Multicasos, apresentado nesta quarta-feira durante seminário da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em São Paulo, as companhias brasileiras ficaram abaixo do benchmarking considerado pela Cepal.
Foram analisadas seis empresas: Petrobras, Bradespar, DASA, Klabin, Lupatech e Inepar. A pesquisa foi realizada em parceria com o Banco de Desarrollo de America Latina (CAF) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O trabalho coordenado por Georgina Núñez e Andrés Oneto propôs uma série de questões sobre os conselhos de administração, comitês de auditoria, comitês de investimentos em ativos financeiros, comitês de financiamento corporativo e comitês de riscos. Com uma resposta afirmativa às perguntas, a empresa recebia pontuação 1 e, com uma resposta negativa, a pontuação era 0. Foram consideradas questões como: "o Conselho de Administração tem, no mínimo, 50% de conselheiros externos?" ou "o presidente do Comitê de Riscos é um conselheiro independente?"
"De forma geral, os índices das empresas brasileiras investigadas estão muito distantes do benchmarking", concluiu o estudo. Para um valor máximo de dez, o maior obtido na amostra do Brasil foi 2,52, enquanto o valor médio foi 1,79.
Os pesquisadores da Cepal concluem que existe "a necessidade de aumentar a adoção de mais comitês em empresas brasileiras, em especial, os comitês de investimentos em ativos financeiros, de financiamento corporativo e de riscos". Segundo o documento, "isso tenderia a diminuir o risco de emissão de dívida".
Na análise individual das empresas estudadas, o documento da Cepal avalia que a estrutura de governança corporativa da Petrobras é " mais robusta do que as demais", mas considera que "este resultado também não pode se dissociado do seu maior porte empresarial, o que acaba estimulando o aprimoramento das práticas de GC e da gestão do risco".
"A Bradespar também emitiu títulos com baixo risco de crédito", diz o estudo. "A empresa resgatou suas debêntures de forma antecipada e não foram identificados problemas com os seus debenturistas". A Cepal destaca, porém, que a organização "não possui comitês instalados e, portanto, não tem uma comissão específica e formal para tratamento de seus riscos, suas finanças e os aspectos pertinentes à auditoria".
Sobre a DASA, a pesquisa da Cepal diz que "não foram identificados indícios de problemas com os detentores de seus títulos de dívida, apesar de a empresa ter enfrentado problemas de GC, em particular no que tange às transações com partes relacionadas".
Para a Lupatech, o estudo faz uma recomendação: "O estabelecimento de comitês auxiliares na gestão de riscos, de processos internos e da área financeira, bem como a preconização de todas as melhores práticas de GC poderia subsidiar melhores decisões na entidade e fornecer informações mais consistentes aos investidores".
No que diz respeito a Klabin, o documento destaca que "a empresa foi obrigada a alienar alguns ativos e a buscar outras formas de melhorar o seu desempenho econômico-financeiro". "A empresa não tem comitês relacionados ao risco, finanças e auditoria em sua estrutura e, a exemplo das demais, poderia ter seus problemas atenuados com a utilização de tais recursos", acrescenta o texto.
A Inepar, diz o texto, "apresentou problemas evidentes com o cumprimento de suas obrigações". "A sua demorada reestruturação, bem como a crise que enfrentou, fez com que a empresa renegociasse as suas dívidas e incorresse em default. A sua estrutura de GC poderia ser melhorada, com a utilização dos benefícios da criação de determinados comitês que, até então, não existem na empresa", afirma o estudo da Cepal.

Acesse o Estudo na Integra : Gobernanza corporativa en el Brasil, Colombia y México:La determinación del riesgo en la emisión de instrumentos de deuda corporativa








quinta-feira, 8 de novembro de 2012

É difícil controlar fraudes quando crimes de corrupção tornam-se culturais.

Por Fabio de Freitas

fraudeÉ difícil controlar fraudes quando crimes de corrupção tornam-se culturais. O que do contrário, não é impossível mudar a mentalidade das pessoas acerca de seus atos. Nestes casos, a Cultura de Compliance não resolve, mas cumpre sua função principal: mitigar atos corruptos que muitas vezes os corruptores não têm consciência deles.

Esta semana, nos corredores na Universidade, veio até mim um jovem acanhado; mas esperto, perguntar se eu estaria interessado no que ele chamou de esquema. Sou quase sempre amistoso e interessado por ideias novas e dei-me a ouvi-lo. Seu acanhamento, dizia-me que algo o incomodava, então parti para  questão que me interessava: Seus antecedentes. Perguntei-lhe sobre seu emprego, aquele pelo qual há poucas semanas mostrava-se entusiasmado e, vestindo a paramenta, sentia-se mais superior aos demais colegas. Comportamento corriqueiro entre os inexperientes.
Hesitando, disse-me que havia deixado o emprego justamente para desenvolver o esquema, algo relacionado às microfinanças. Sua função anterior era de “Caixa” numa agência de um grande banco. Sua inquietação com minha questão; levou-me às inferências quase que acusativas a fim de tirar a verdade de suas colocações. Processo comum, quando se interroga um criminoso.
Contudo, aquele jovem de boa aparência não podia ser um criminoso. Afinal, estuda na melhor Universidade do país, sua família de classe média tradicional dera-lhe a melhor educação e por isso não poderia ser confundido com alguém cuja única oportunidade da vida fora o crime.Mas a realidade não é tão linda quanto parece. O crime não tem tamanho, não tem cor nem classe social. É simplesmente crime, devendo ser jugado de acordo com a Lei.
Propositivo, questionei-lhe: Você não saiu do banco, saiu? Você foi demitido. Afirmei sem compaixão do rapaz.
“É, não foi bem assim”. Pediu as contas? “sim.” Fraude? “Não, não foi fraude!” Respondeu-me como se quisesse dizer a verdade. “ Eu não julgo aquilo como fraude, foi só um esquema”. Mas te pegaram, não? “Sim.” Então diz-me o porquê não foi fraude.” Não foi fraude porque era, elas por elas. Todo mundo faz, então eu também fazia. É comum.” Conte-me!
“Então, funciona assim: O cliente vem à agência, pagar um documento qualquer. O “Caixa” oferece-lhe um produto; - Fazia do meu jeito, pois o banco tem seu panfleto e o meu era diferenciado, bem explicadinho, mas se o pessoal do Markerting pegasse seria problema. Eles têm um padrão. - Se o cliente não quisesse o produto ou dissesse não querer abrir uma conta; eu o deixava sair e, em seguida, abria uma conta em seu nome e depositava R$ 3,50, valor mínimo de depósito. No dia seguinte, resgatava o valor e pronto, a movimentação estava feita. Quando fazia isso, ganhava um percentual, pois tinha um salário fixo e, um bônus por produtividade. Tinha uma meta mensal e o bônus não poderia passar de R$ 300,00, justamente para inibir esse tipo de ato. Quando batia a meta, meu salário chegava a quase R$ 2.000,00. Um dia, um cliente foi à outra agência abrir uma conta e a mesma já estava aberta na agência onde eu trabalhava, com um depósito de R$3,50. Eu não tinha estornado ainda o depósito nem fechado o caixa. Ai, descobriram tudo e sugeriram que eu pedisse demissão ou o banco me entregaria. Oh, mas isso é padrão, todo mundo faz.”
Faz, mas é ilegal certo? “É”. Respondeu-me querendo negar, balanceando a situação com a cabeça como se, sabendo que sendo ilegal, duvidasse ou discordasse daquilo que está na Lei ou que é de convenção, digamos social.
Vendo minha tranquilidade diante da sua narrativa, interessou-se por saber o que eu fazia. Combato exatamente o que você acabou de dizer que fazia, respondi e não perdi a oportunidade de orientá-lo para uma conduta mais ética no ambiente de trabalho e fora dele.
Na conversa, sugeri então que aqueles delitos eram farra nas Agências bancárias. Respondeu-me que não e, como forma de defesa de seus atos, foi logo denunciando o que ele julgava como farra a fim de legitimar àquelas fraudes cotidianas que cometera nos três anos em que fora funcionário daquele banco.
“Farra mesmo é com senhas. Senhas parecem petecas voando no ar. Estagiários pegam senhas do gerente que está almoçando ou preso no trânsito. O colega do lado pega senha do outro e faz a operação que precisar. Isso sim é proibido, mas é farra, ninguém questiona. Abrir contas e vender produtos sem autorização do cliente, não tem problema, não é tão grave quanto usar senhas indiscriminadamente. Quase sempre o cliente não sabe e a conta fica aberta.”
Mas um dia a casa cai e, pelo jeito caiu para você. “Nada, em breve estou no mercado novamente.” Sugeri que não confiasse demasiado nesta hipótese, uma vez que seu nome pode estar sob restrição.
Este exemplo de pequenas fraudes cometidas diariamente levam a grandes prejuízos institucionais e devora o seu maior patrimônio: a confiança do cliente.
Tenho um relacionamento duradouro com um grande banco brasileiro e, outro dia, precisei depositar R$ 800,00 na minha conta. Por uma coincidência havia 15 notas de cinquenta reais novas e uma do modelo antigo. Conferi duas ou três vezes como costumo fazer e lancei o depósito no caixa eletrônico. Três dias depois, notei no extrato que o banco havia registrado o valor “a menor”, neste caso R$ 770,00. Trinta reais foram, sabe- se lá para qual bolso. Neste caso, fica a palavra do cliente contra a do banco, representado pelo fraudador daquela agência.
Minha solução para o caso foi nunca mais fazer depósitos em caixas eletrônicos, mesmo que isso signifique perda de tempo para mim e aumento de custos para o banco. Refletindo esses dois casos emblemáticos, assisti à reportagem abaixo e não tive como conter a gargalhada. Imaginem a mentalidade de quem vez essas operações e o prejuízo que isso pode trazer à instituição bancária.
Recordo do famoso caso da ação judicial movida contra o Banco Bradesco devido uma operação equivocada similar a estas narradas aqui. Não deu em perdas financeiras de tamanho gigantesco como supunha a vitima; mas trouxe prejuízos com processos judiciais sem falar que, de certo modo a imagem do Banco ficou prejudicada. Poderia ser pior, se as  autoridades brasileiras levassem mais a sério os direitos dos consumidores.
É difícil controlar fraudes quando crimes de corrupção tornam-se culturais. O que do contrário, não é impossível mudar a mentalidade das pessoas acerca de seus atos. Nestes casos, a Cultura de Compliance não resolve, mas cumpre sua função principal: mitigar atos corruptos que muitas vezes os corruptores não têm consciência deles.















segunda-feira, 5 de novembro de 2012

HSBC’s money laundering fines to top US$1.5-billion, criminal charges likely

From Financial Post  © Thomson Reuters 2012

Steve Slater and Matt Scuffham, Reuters | Nov 5, 2012 7:53 AM ET
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Reuters

The report undoubtedly caused considerable reputational damage to HSBC. The extent to which that has resulted in loss of business is hard to measure, but it has undoubtedly damaged our brand

LONDON — A U.S. fine for anti-money laundering rule breaches could cost HSBC significantly more than US$1.5 billion and is likely to lead to criminal charges, Europe’s biggest bank said on Monday.

HSBC said the U.S. investigation had damaged the bank’s reputation and forced it to set aside a further US$800 million to cover a potential fine for breaches in anti-money laundering controls in Mexico, adding to US$700 million put aside in July.

“It could be significantly higher,” Chief Executive Stuart Gulliver told reporters on a conference call, saying the latest provision was based on discussions with the various U.S. authorities involved in the probe.

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The timing of any settlement is in the hands of regulators and is likely to involve the filing of corporate criminal and civil charges, the bank said.

A U.S. Senate report in July slammed HSBC for letting clients shift potentially illicit funds from countries such as Mexico, Iran, the Cayman Islands, Saudi Arabia and Syria. HSBC had warned earlier in the year it could face criminal or civil charges as part of the investigation.

The London-based bank has said the issue was “shameful and embarrassing” after the report criticised a “pervasively polluted” culture at the bank and said HSBC’s Mexican operations had moved US$7 billion into its U.S. operations between 2007 and 2008.

“The report undoubtedly caused considerable reputational damage to HSBC. The extent to which that has resulted in loss of business is hard to measure, but it has undoubtedly damaged our brand,” Gulliver said.

He said a number of staff had left the firm as a result of the investigation and a number had had pay clawed back.

Shares in HSBC were down 1.4% at 617.5 pence by 1130 GMT, slightly weaker than a fall in the European bank index.

“The money laundering provision is a concern, particularly given the uncertainty on what the final figure might be,” said Richard Hunter, head of equities at stockbroker Hargreaves Lansdown.

The issue is another blow for the reputation of British banks, after rival Barclays was fined US$450 million in June for rigging Libor interest rates and the industry has had to set aside more than 12 billion pounds to compensate UK customers for mis-selling insurance products.

Gulliver said it would take time to clean up the mess.

“There’s a whole series of things that came from probably a decade in the 2000 to 2008-09 period that have surfaced now that the industry needs to sort out, remediate, and make sure doesn’t happen again.

”It will take a chunk of time to clean the system and then it will take a little bit longer than that for trust to be restored more fully,“ he said, adding that it was his job to get HSBC back to a position ”where it’s regarded as the best of the bunch“.

HSBC Chairman Douglas Flint will appear before UK lawmakers investigating culture and standards later on Monday. He will be quizzed alongside new Barclays CEO Antony Jenkins and Santander UK boss Ana Botin at 1600 GMT.

COST CUTS, JOB CUTS

HSBC reported an underlying profit – after stripping out the impact of disposals and changes in the value of its own debt – in the July-September quarter of US$5.0 billion, up from a revised US$2.2 billion a year earlier.

It was helped by a bigger-than-expected drop in losses from bad debts and a solid performance by its investment bank arm.

Underlying operating expenses rose by 16% during the quarter from a year ago due to higher compliance and regulatory costs, which the bank said amounted to US$200 million to US$300 million.

Gulliver is well into a three-year restructuring plan to streamline the bank and he said he expects to surpass his target of cutting annual costs by US$3.5 billion, after driving through US$3.1 billion of savings already.

But subdued revenue growth and the higher compliance costs left its underlying cost/income ratio at 63.7% in the third quarter, well above his 48-52% target. Gulliver admitted hitting that was ”proving challenging“, but said he remained committed to delivering it by the end of 2013.

HSBC took another US$357 million charge for mis-selling payment protection insurance in Britain, lifting the total amount set aside to US$2.1 billion. The bank said it paid out US$1 billion in compensation.

Gulliver said more job cuts were likely before the end of 2013 at his bank, whose origins date back to 1865 as a financier of trade between Europe and Asia and operates in 84 countries.

HSBC has cut almost 30,000 jobs in the last two years – close to what Gulliver had predicted under his revamp – although about half of those have been due to disposals. ”In terms of the organic reduction, there’s still some way to go,“ he said.

He has sold or closed 41 businesses as part of that plan, including including selling its U.S. credit card arm and half of its U.S. branches, and said he was about three quarters of the way through that plan.

© Thomson Reuters 2012

domingo, 4 de novembro de 2012

Lista aponta 10 ‘práticas de corrupção’ comuns no dia a dia do brasileiro

Mariana Della Barba

Da BBC Brasil em São Paulo
Atualizado em  4 de novembro, 2012 - 07:54 (Brasília) 09:54 GMT
  Protesto AFP
Protesto anti-corrupção em Brasília: especialista avalia que jovens estão mais conscientes
Quase um em cada quatro brasileiros (23%) afirma que dar dinheiro a um guarda para evitar uma multa não chega a ser um ato corrupto, de acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais e o Instituto Vox Populi.
Os números refletem o quanto atitudes ilícitas, como essa, de tão enraizados em parte da sociedade brasileira, acabam sendo encarados como parte do cotidiano.
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"Muitas pessoas não enxergam o desvio privado como corrupção, só levam em conta a corrupção no ambiente público", diz o promotor de Justiça Jairo Cruz Moreira.
Ele é coordenador nacional da campanha do Ministério Público "O que você tem a ver com a corrupção", que pretende mostrar como atitudes que muitos consideram normal são, na verdade, um desvirtuamento ético.
Como lida diariamente com o assunto, Moreira ajudou a BBC Brasil a elaborar uma lista de dez atitudes que os brasileiros costumam tomar e que, por vezes, nem percebem que se trata de corrupção.
  • Não dar nota fiscal
  • Não declarar Imposto de Renda
  • Tentar subornar o guarda para evitar multas
  • Falsificar carteirinha de estudante
  • Dar/aceitar troco errado
  • Roubar TV a cabo
  • Furar fila
  • Comprar produtos falsificados
  • No trabalho, bater ponto pelo colega
  • Falsificar assinaturas
"Aceitar essas pequenas corrupções legitima aceitar grandes corrupções", afirma o promotor. "Seguindo esse raciocínio, seria algo como um menino que hoje não vê problema em colar na prova ser mais propenso a, mais pra frente, subornar um guarda sem achar que isso é corrupção."
Segundo a pesquisa da UFMG, 35% dos entrevistados dizem que algumas coisas podem ser um pouco erradas, mas não corruptas, como sonegar impostos quando a taxa é cara demais.

Otimismo

Mas a sondagem também mostra dados positivos, como o fato de 84% dos ouvidos afirmar que, em qualquer situação, existe sempre a chance de a pessoa ser honesta.
A psicóloga Lizete Verillo, diretora da ONG Amarribo (representante no Brasil da Transparência Internacional), afirma que em 12 anos trabalhando com ações anti-corrupção ela nunca esteve tão otimista - e justamente por causa dos jovens.
"Quando começamos, havia um distanciamento do jovem em relação à política", diz Lizete. "Aliás, havia pouco engajamento em relação a tudo, queriam saber mais é de festas. A corrupção não dizia respeito a eles."
No Rio, manifestantes defendem "limpeza" no governo
"Há dois anos, venho percebendo uma grande mudança entre os jovens. Estão mais envolvidos, cobrando mais, em diversas áreas, não só da política."
Para Lizete, esse cenário animador foi criado por diversos fatores, especialmente pela explosão das redes sociais, que são extremamente populares entre os jovens e uma ótima maneira de promover a fiscalização e a mobilização.
Mas se a internet está ajudando os jovens, na opinião da psicóloga, as escolas estão deixando a desejar na hora de incentivar o engajamento e conscientizá-los sobre a corrupção
"Em geral, a escola é muito omissa. Estão apenas começando nesse assunto, com iniciativas isoladas. O que é uma pena, porque agora, com o mensalão, temos um enorme passo para a conscientização, mas que pouco avança se a educação não seguir junto", diz a diretora. "É preciso ensinar esses jovens a ter ética, transparência e também a exercer cidadania."

Políticos x cidadão comum

Os especialistas concordam que a corrupção do cotidiano acaba sendo alimentada pela corrupção política.
Se há impunidade no alto escalão, cria-se, segundo Lizete, um clima para que isso se replique no cotidiano do cidadão comum, com consequências graves. Isso porque a corrupção prejudica vários níveis da sociedade e cria um ciclo vicioso, caso de uma empresa que não consegue nota fiscal e, assim, não presta contas honestamente.
De acordo com o Ministério Público, a corrupção corrói vários níveis da sociedade, da prestação dos serviços públicos ao desenvolvimento social e econômico do país, e compromete a vida das gerações atuais e futuro.

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